Judô japonês luta contra perda de atletas e ameaça lucrativa do vale-tudo
Portal de Judo
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O melhor judô do mundo está ameaçado por socos e pontapés. O Japão, berço da modalidade e casa dos atletas mais técnicos do mundo, atravessa um momento de transição e pode sofrer mudanças drásticas em poucos anos: suas estrelas sofrem o assédio do lucrativo mundo do MMA (em inglês Mixed Martial Arts), o vale-tudo.
O problema ganhou maior repercussão quando o judoca campeão olímpico em Pequim-2008 Satoshi Ishii, de apenas 21 anos, decidiu abandonar a carreira nos tatames duas semanas atrás para tentar a sorte no MMA. Considerado a maior revelação nipônica dos últimos tempos, o atleta era a principal esperança de renovação do judô no país.
Especula-se que Ishii tenha recebido uma proposta de US$ 5 milhões (cerca de R$ 11 milhões) para assinar um contrato com a organização Dream, que promove eventos de vale-tudo. O ex-judoca chegou até mesmo a dar declarações para jornais internacionais confirmando ter ambições de “ser o melhor lutador do mundo” e que seu objetivo é se tornar “um em seis bilhões”.
O Japão vê o MMA ganhar cada vez mais espaço na mídia local. Muitos fãs do judô estão transferindo a paixão para a outra luta, o que também contribui para a mudança de esportes dos atletas. O campeão mundial Hiroshi Izumi, de 26 anos, é o próximo judoca na lista de contratação dos dirigentes do vale-tudo.
“O MMA no Japão está que nem o futebol no Brasil. Atualmente, é bem mais valorizado que o judô e é mais lucrativo. Os fãs do judô normalmente são os senhores mais tradicionais, e o problema é que o MMA está atraindo os jovens, tanto homens como mulheres. Desse jeito, fica difícil competir”, revelou o judoca faixa preta Rodrigo Oyie, que mora e treina em Tóquio há quatro anos e participa de treinamentos de jiu-jitsu com Ishii.
O campeão olímpico de Pequim, porém, não é o primeiro medalhista olímpico a abandonar o judô seduzido pelo lucro do vale-tudo. Antes dele, Makoto Takimoto (ouro em Sydney-2000) e Naoya Ogawa (prata em Barcelona-1992) também migraram para a nova modalidade.Até hoje, o lutador que saiu do judô com maior sucesso no MMA foi Hidehiko Yoshida (ouro em Barcelona-1992). Ele tem no currículo grandes lutas contra adversários como Royce Gracie (empate) e Wanderley Silva (vitória do brasileiro), além de triunfos sobre os norte-americanos Maurice Smith e Don Frye.
A mudança do judô para o MMA, no entanto, não é vista com bons olhos por todos no Japão. Segundo o mestre do oitavo dan Katsuhiko Kashiwazaki, campeão mundial de 1981 e visto como uma lenda no país por sua técnica no solo (newaza), os judocas mais jovens precisam reavaliar suas metas na arte marcial.
Técnico de uma das escolas mais tradicionais do esporte no Japão, a Universidade Budo, Kashiwazaki lamentou a perda de Ishii e atentou para o fato de que os judocas promissores estão deixando a modalidade cada vez mais cedo no país seduzidos pela crescente projeção do MMA.”Sou contra essa mudança, principalmente quando ela é feita muito cedo, como no caso do Ishii. Ele tinha condições de ganhar muitos outros títulos no judô para depois pensar em lutar no vale-tudo. Se o atleta inicia um ciclo no judô, ele precisa seguir adiante para só depois pensar em lutar outro estilo”, comentou Kashiwazaki.
Vale lembrar que o MMA no Japão também atravessa um momento de transição. Com a decadência do Pride, principal evento da modalidade até alguns anos atrás, o esporte precisou ser renovado com a criação de novos campeonatos, como o próprio Dream e o Sengoku. A integração de estrelas do judô nacional é uma das estratégias dos dirigentes para o aumento da popularidade do esporte.
“O MMA está virando um esporte nacional no Japão. Passou por uma fase ruim, mas está se reerguendo de novo. Essa transferência do Ishii é semelhante à saída de uma revelação brasileira do futebol indo para a Europa”, afirmou o carioca Pedro Rizzo, experiente lutador de MMA, com vitórias contra adversários como Josh Barnett e Mark Coleman.
Rodrigo Farah
O problema ganhou maior repercussão quando o judoca campeão olímpico em Pequim-2008 Satoshi Ishii, de apenas 21 anos, decidiu abandonar a carreira nos tatames duas semanas atrás para tentar a sorte no MMA. Considerado a maior revelação nipônica dos últimos tempos, o atleta era a principal esperança de renovação do judô no país.
Especula-se que Ishii tenha recebido uma proposta de US$ 5 milhões (cerca de R$ 11 milhões) para assinar um contrato com a organização Dream, que promove eventos de vale-tudo. O ex-judoca chegou até mesmo a dar declarações para jornais internacionais confirmando ter ambições de “ser o melhor lutador do mundo” e que seu objetivo é se tornar “um em seis bilhões”.
O Japão vê o MMA ganhar cada vez mais espaço na mídia local. Muitos fãs do judô estão transferindo a paixão para a outra luta, o que também contribui para a mudança de esportes dos atletas. O campeão mundial Hiroshi Izumi, de 26 anos, é o próximo judoca na lista de contratação dos dirigentes do vale-tudo.
“O MMA no Japão está que nem o futebol no Brasil. Atualmente, é bem mais valorizado que o judô e é mais lucrativo. Os fãs do judô normalmente são os senhores mais tradicionais, e o problema é que o MMA está atraindo os jovens, tanto homens como mulheres. Desse jeito, fica difícil competir”, revelou o judoca faixa preta Rodrigo Oyie, que mora e treina em Tóquio há quatro anos e participa de treinamentos de jiu-jitsu com Ishii.
O campeão olímpico de Pequim, porém, não é o primeiro medalhista olímpico a abandonar o judô seduzido pelo lucro do vale-tudo. Antes dele, Makoto Takimoto (ouro em Sydney-2000) e Naoya Ogawa (prata em Barcelona-1992) também migraram para a nova modalidade.Até hoje, o lutador que saiu do judô com maior sucesso no MMA foi Hidehiko Yoshida (ouro em Barcelona-1992). Ele tem no currículo grandes lutas contra adversários como Royce Gracie (empate) e Wanderley Silva (vitória do brasileiro), além de triunfos sobre os norte-americanos Maurice Smith e Don Frye.
A mudança do judô para o MMA, no entanto, não é vista com bons olhos por todos no Japão. Segundo o mestre do oitavo dan Katsuhiko Kashiwazaki, campeão mundial de 1981 e visto como uma lenda no país por sua técnica no solo (newaza), os judocas mais jovens precisam reavaliar suas metas na arte marcial.
Técnico de uma das escolas mais tradicionais do esporte no Japão, a Universidade Budo, Kashiwazaki lamentou a perda de Ishii e atentou para o fato de que os judocas promissores estão deixando a modalidade cada vez mais cedo no país seduzidos pela crescente projeção do MMA.”Sou contra essa mudança, principalmente quando ela é feita muito cedo, como no caso do Ishii. Ele tinha condições de ganhar muitos outros títulos no judô para depois pensar em lutar no vale-tudo. Se o atleta inicia um ciclo no judô, ele precisa seguir adiante para só depois pensar em lutar outro estilo”, comentou Kashiwazaki.
Vale lembrar que o MMA no Japão também atravessa um momento de transição. Com a decadência do Pride, principal evento da modalidade até alguns anos atrás, o esporte precisou ser renovado com a criação de novos campeonatos, como o próprio Dream e o Sengoku. A integração de estrelas do judô nacional é uma das estratégias dos dirigentes para o aumento da popularidade do esporte.
“O MMA está virando um esporte nacional no Japão. Passou por uma fase ruim, mas está se reerguendo de novo. Essa transferência do Ishii é semelhante à saída de uma revelação brasileira do futebol indo para a Europa”, afirmou o carioca Pedro Rizzo, experiente lutador de MMA, com vitórias contra adversários como Josh Barnett e Mark Coleman.
Rodrigo Farah
Em São Paulo